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Lavouras de milho perdem espaço para as de soja no Paraná

06/11/2015

Nesse verão, Paraná deve plantar pouco mais de 440 mil hectares de milho.

É a menor área cultivada com o grão no estado.

As lavouras de soja estão avançando sobre terras que antes eram ocupadas pelo milho no Paraná. O estado é responsável por 20% do milho brasileiro. Até uma década atrás, a maior parte da safra era colhida no verão, num sistema de rotação com a soja. O restante vinha da chamada safrinha, feita no inverno. Entretanto, nos últimos anos, a situação se inverteu. Entre 2014 e 2015, quase 70% da produção paranaense foi colhida na safrinha.

Nesse verão, o Paraná deve plantar pouco mais de 440 mil hectares de milho – 18% menos do que em 2014. É a menor área cultivada com o grão no estado, desde que se tem registro. “O agricultor tem sua terra, ele planta, ele investe, vê os custos de produção. O que ele quer ver no final: rentabilidade. Então, comparando soja com milho, a cada ano que passa diminui a área de milho plantada na nossa região porque não está compensando para o produtor”, explica o técnico do DERAL Jovelino Pertille.

 

GLOBO RURAL

Na fazenda de Carlos Zuquetto, em Catanduvas, no oeste do estado, não há sequer um pé de milho plantado. Os 720 hectares da propriedade estão ocupados com soja. Agrônomo de formação, Carlos conta que por 35 anos seguiu à risca o que a pesquisa recomenda – plantar milho em 30% da área e soja no restante. Entretanto, nos últimos tempos, o bolso dele fala mais alto do que a técnica.

“A viabilidade hoje tem mostrado cálculos, por mais que você faça, que o soja dá muito mais rendimento, tem muito mais liquidez, venda futura e movimentação muito menor com rendimento maior”, explica.

Carlos tem um controle rígido das contas da fazenda e explica que, nessa região do Paraná, na hora de vender a safra aos preços atuais, num hectare de milho, ele consegue perto de R$ 800 de lucro. Com a soja ele ganha líquido cerca de R$ 2.500. “Economicamente, para você ter o seu negócio sempre crescendo e tendo dinheiro que precisa para seus investimentos, mostra que você não tem condições de plantar milho. Enquanto o soja estiver nesses preços será assim.”

Em outra fazenda, em Cascavel, vive Jonas Frisk. Ele ainda planta milho no verão, mas vem reduzindo a área gradativamente. Ele cultiva, no total, 380 hectares e esse ano plantou 60 hectares de milho. O agricultor explica porque continua plantando milho: “porque tem que fazer a rotação de cultura, né? Ajuda muito na safra seguinte do soja. O resultado é bem expressivo.”

Os técnicos alertam que deixar de fazer a rotação de cultura pode trazer prejuízos para o agricultor. É que o plantio alternado de soja e milho na mesma área, dentro da mesma safra, melhora as características físicas,  ajuda a descompactar o solo e também reduz a incidência de pragas e doenças. Carlos sabe disso, mas está disposto a correr o risco.

“Eu tenho poupança no solo vamos dizer assim, armazenada, que me permite. Mas agora eu não tenho dúvida nenhuma de que agora eu estou buscando a partir do ano que vem, na próxima colheita dessa soja que eu estou plantando, algo para eu poder contornar pra essa situação que eu estou dando para a terra que não é tão adequada”, fala. 

É bom lembrar que o Paraná está diminuindo a produção de milho na safra de verão, mas como a segunda safra vem crescendo, a produção anual paranaense é estável.

Fonte: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2015/11/lavouras-de-milho-perdem-espaco-para-de-soja-no-parana.html