Andradina – Na manhã de quinta-feira (30/04), os 70 cooperados da Coater (Cooperativa de Assessoria Técnica e Extensão Rural), paralisaram suas atividades de Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural), por falta de pagamento de prestação de serviços junto ao INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).
“Estamos a vários meses sem receber os pagamentos referente aos serviços prestados de assistência técnica nos assentamentos e nossas atividades estão comprometidas, já que estamos com pendências de pagamentos junto a nossos fornecedores e principalmente nossos cooperados.
A situação está crítica, pois temos profissionais que estão devendo no comércio, devendo financiamentos, pensões alimentícias, enfim, um verdadeiro caus, sem falar no constrangimentos que os mesmos vem passando por não possuir mais créditos na praça. Não estamos aqui para protestar contra o governo, ou suas ações, mais somente no intuito de termos condições de seguir com nossos trabalhos em benefício dos assentados” – relatou o gerente Geral da Coater, Luis Carlos Tezoto.
O presidente da Coapar, Lourival Plácido de Paula, o presidente do Sintraf, William Marciano Moro, dentre outras autoridades estiveram no local prestando solidariedade e apoio a Coater. Vários representantes de assentamentos fizeram uso da palavra para externar apoio a equipe de técnicos da entidade – “já cheguei a passar fome, chegando ao ponto de em casa só ter farinha de trigo carunchada, então eu peneirava, adicionava um pouco de açúcar e fritava para poder dar aos meus filhos, como o único alimento.
É uma situação constrangedora para esses profissionais que vem desempenhando excelente trabalho, mas estar trabalhando e não receber seus salários e ainda ter que passar fome é absurdo” – comentou Terezinha de Jesus Freitas Andrade, do assentamento Nossa Senhora Aparecida II e membro da Associação Mulheres do Campo.
Segundo manifesto assinado por todos os membros da Coater, “a paralisação se faz legítima, considerando que o atraso nos repassem impossibilita a continuidade da prestação de serviço de assistência técnica com qualidade aos mais de 3,8 mil beneficiários da reforma agrária, distribuídos em 15 municípios do oeste paulista.
Neste contexto, a vida dos técnicos cooperados e suas respectivas famílias é diretamente afetada, causando-lhes prejuízos morais e financeiros, comprometendo assim a regularidade dos pagamentos de serviços essenciais, tais como alimentação, saúde, educação, moradia, além de gastos com energia elétrica, gás, águas e etc.
Ao mesmo tempo, a Coater fica impossibilitada de cumprir tempestivamente os pagamentos exigidos em contrato aos nossos fornecedores diretos (posto de combustível, locadoras de veículos, mercado, comércio em geral) e os indiretos (prestadores de serviços diversos), impactando negativamente a credibilidade da cooperativa, além de afetar diretamente a economia dos municípios estabelecidos em contrato”, traz parte do manifesto.
Os assentados trouxeram alimentos para serem doados para os técnicos da Coater, como uma forma de contribuição com a alimentação dos mesmos, ainda que de maneira esporádica. Ao término da paralisação, os presentes fizeram a oração do Pai Nosso e enfatizaram principalmente o trecho “o pão nosso de cada dia, nos dai hoje”.
O gerente geral da Coater, Luis tezoto, entregou as chaves da repartição para o engenheiro agrônomo do INCRA, Ailton Sadao Moryama, de forma a externar que as voltas dos serviços estão de posse e responsabilidade da autarquia federal. Várias faixas de apoio a Coater foram afixadas na grade do escritório.
A Superintendência Regional do INCRA em São Paulo, informou por meio de suas assessoria de imprensa que “o Incra aguarda a liberação dos recursos orçamentários por parte de outros órgãos do governo federal para normalizar os atrasos nos pagamentos de Ater e de outras prestadoras de serviços”.
Segundo o Portal da Transparência do Governo Federal, os útimos pagamentos efetuados pelo INCRA em São Paulo, para as prestadoras de serviços de Ater, foram efetivados em 22 de janeiro, referente a serviços prestado no final do ano de 2014.
fonte: O Foco e a Gazeta da Região